Os desafios da Academia para realizar pesquisas com motores
O professor Waldyr Gallo da Unicamp, começou a apresentação citando a provocação feita pelo INEE na chamada do Seminário e percorreu as questões que dificultam o avanço das pesquisas no segmento de motores no Brasil: “o primeiro grande empecilho é que laboratórios para pesquisa com motores são muito caros, já que demandam grandes espaços”.
Outro problema que o acadêmico identifica está no desinteresse dos alunos pelo segmento e, consequentemente, baixa de disponibilidade de doutores com titulação nesse segmento, o que impacta negativamente na atração de financiamento para pesquisa. Um dos principais desafios é trazer alunos qualificados para a área de pesquisas com motores, já que existem poucos laboratórios operantes no país em condições de proporcionar as condições ideais para promover pesquisas na área.
Há também uma terceira dificuldade tipicamente brasileira na ponta do financiamento que foi dissecada por Waldyr: em um primeiro momento, o pesquisador envia um projeto de pesquisa e consegue obter financiamento. No entanto, o projeto fica tomado pela incerteza permanentemente: “frequentemente, não se consegue renovar o projeto, pelos mais variados motivos, gerando grande instabilidade e insegurança na equipe. Você monta um laboratório com o que há de melhor, mas depois vem a crise que acaba brecando os investimentos. Quando a pesquisa é interrompida, grande parte do esforço despendido nela se perde: o grupo envolvido se dissolve e, ao reiniciar, é preciso começar tudo de novo, reunindo novos especialistas”.
Um exemplo disso, segundo o pesquisador, é o IPP, o Centro de Pesquisa Tecnológica, no Estado de São Paulo, que conta com um laboratório na área de motores, mas simplesmente não tem equipe especializada disponível. Ou seja, tem laboratório, mas não tem pesquisa.
Waldyr Gallo mencionou também as dificuldades para se estabelecer parcerias entre a Universidade e o setor privado no Brasil em função do descompasso entre o timing da Universidade (tempo-resposta muito longo, ciclos longos) e a indústria (ciclos curtos de investimento e retorno financeiro sobre o investimento).
Por fim, o pesquisador fez um alerta para o grau de burocratização que se estabeleceu no país: “é uma loucura, temos que levantar uma infinidade de documentos e até de carimbos a cada nova compra de equipamentos que precisamos fazer. O processo de importação é dificílimo. Enfim, o grau de burocratização a que chegamos no Brasil é contraproducente e dificulta muito o andamento das pesquisas”.