Os desafios para a promoção de combustíveis limpos
O painel das 10h30 começou com palestra do diretor global de Tecnologia da Mahle, Ricardo Abreu. Ele destacou a importância de o Brasil ter um programa que estabelece suas metas de eficiência em megajaules por quilômetros. Mas chamou a atenção para as limitações desse critério, que negligenciam as características ambientais do etanol como um combustível muito mais limpo do que os fósseis do ponto de vista das emissões. De acordo com o palestrante, "quando eu tenho um combustível diferente de etanol, eu tenho uma queima diferente de CO2. O que nós temos dito em grupos de trabalho junto a várias instituições é que um programa de eficiência energética tem que falar em sustentabilidade. Se eu considerar a produtividade do combustível de acordo com a sua produtividade energética, estaremos desconsiderando um fator importante que tem a ver com as características de cada um dos combustíveis."
O palestrante esclareceu que é preciso considerar a intensidade de uso de carbono por parte de cada um dos combustíveis de acordo com suas especificidades. Ele mostrou um quadro que apresenta o ciclo do combustível de ponta a ponta, de sua origem na produção, até o consumo, ou seja, "da origem à roda".
Ricardo Abreu destacou a importância de aprimorar a legislação no sentido de promover os combustíveis que têm menor impacto ambiental, estabelecendo uma vantagem econômica para o combustível que traduza as vantagens que ele traz para a sociedade como um todo. O etanol tem vantagens sobre a gasolina tanto no que diz respeito à emissão de carbono, quanto na geração de gases do efeito estufa: o combustível é mais limpo e precisa ter vantagem tributária.
Mas final, como se pode criar uma legislação que valorize o etanol? Uma possibilidade é utilizar um cálculo chamado de super-crédito, já utilizado na Europa. Segundo o palestrante, esse modelo regulatório fomenta a inovação e a adoção do etanol.
Ricardo completou a palestra afirmando que "seja qual for a solução regulatória a ser dada, não dá para esconder a sujeira embaixo do tapete, temos que promover os combustíveis sustentáveis e mais limpos". Por fim, ele também destacou que "a visão para os próximos anos tem que ser invertida. O combustível alternativo não é o etanol, o combustível alternativo é a gasolina. O etanol tem futuro, a gasolina será utilizada cada vez menos".