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III Seminário Internacional sobre Uso Eficiente do Etanol
20 de Setembro a 21 de Setembro
Auditório da Bosch - Via Anhaguera, Km 98 - Campinas - SP

Os desafios da descarbonização do setor de transportes brasileiro

André Luis Ferreira, do Instituto de Engenharia e Meio Ambiente (IEMA)
André Luis Ferreira, do Instituto de Engenharia e Meio Ambiente (IEMA)

André Luis Ferreira, do Instituto de Engenharia e Meio Ambiente (IEMA), apresentou a palestra A importância do etanol na descarbonização do setor de transportes brasileiro.

Para o apresentador, "o desafio do etanol é ainda maior do que estamos discutindo agora. Estamos falando da matriz energética de transportes e, a partir de agora, temos que incluir o diesel também nessa equação".

Na avaliação de André, o Brasil historicamente os padrões estrangeiros, quando possui uma matriz específica, muito peculiar, que poderia ser melhor aproveitada: enquanto a mídia enfoca muito as discussões em torno da energia elétrica, com destaque para a ascenção de novas tecnologias, como eólica e fotovoltaica, o pesquisador sustenta que o país precisa olhar de maneira estratégica para sua matriz, e nela o transporte tem papel preponderante.

"Quando você olha o papel do etanol na matriz de combustíveis para transporte no Brasil, isso ainda é muito incipiente em relação ao seu potencial. Já tivemos 20% do consumo de energia alocados em etanol, hoje estamos em 16%. A depender do planejamento governamental para 2050 (PNE 2050), o etanol não deve passar dos 20%, prevendo inclusive uma aumento percentual da participação do diesel.

O apresentador mostrou que o transporte brasileiro ainda depende fundamentalmente dos combustíveis fósseis. De acordo com André Luis Ferreira, "quando se analisa mais de perto esse consumo, o que sobressai, sem dúvida nenhuma, são os motores do ciclo diesel, já que aproximadamente 60% das emissões ocorrem nesses motores".

O palestrante sinalizou que o etanol pode ter um papel relevante na descarbonização dos transportes no Brasil. De acordo com o planejamento para 2050, o diesel alcançará 55% de mercado, em comparação com os 47% atuais. Já o etanol, deve subir dos atuais 16% para 20%, o que, segundo o palestrante, pode ser considerado decepcionante. De acordo com André Luis Ferreira, "o país não tem uma política de transferência modal, o que está projetado pelo próprio governo é isso aí: não há uma discussão para se traçar outros cenários estratégicos".

Segundo o palestrante, o desafio da descarbonização no setor de transportes passa necessariamente pela redução de consumo do diesel, já que 3/4 de seu consumo está concentrado em caminhões, dos quais os modelos pesado e superpesado respondem por 70% do consumo. A frota tem sofrido uma mudança grande nos últimos anos, com viés de aumento dos veículos pesados e superpesados, e diminuição dos leves e semileves.

A divisão modal no Brasil é muito focada no transporte de carga. Mesmo os estudos mais otimistas apontam um cenário ainda com muitos caminhões pesados nos próximos anos. “Temos que olhar a melhoria nesse segmento, o que passa pela discussão da etiquetagem do diesel. Quando se fala em enfrentar as emissões e consumo de diesel, esse é o cenário que está dado para os próximos anos”, sintetizou André.

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