Denis Arroyo e a ótica do produtor rural
A palestra de Denys Arroyo, diretor Agrícola do grupo Zilor, ofereceu uma perspectiva do setor sucroalcooleiro a partir da visão dos produtores rurais.
Ele fez uma reflexão sobre os erros cometidos no setor durante o rápido período de expansão no plantio da cana, na esteira do crescimento da frota de carros flex: "nós mudamos o jeito de plantar porque a máquina funcionaria melhor assim. Começamos a adaptar plantio àquilo que seria melhor para as máquinas, quando na verdade a lógica deve ser o inverso: ora, vamos pensar primeiramente na cana, e não na máquina."
Apesar da crise que o setor atravessa neste momento, o palestrante destacou a busca de alternativas e soluções no segmento, declarando que "nós temos condições de virar esse jogo".
Denis chamou a atenção, no entanto, para problemas regulatórios e estratégicos do país. Sempre que a estratégia do Estado brasileiro é alterada (por exemplo, através de mudanças tarifárias), isso tem impacto enorme no campo. Essas decisões, muitas vezes, são tomadas sem planejamento prévio. “Não se pode exigir do produtor que reaja imediatamente. O canavial, depois que foi ‘freado’, demanda pelo menos cinco anos para ser retomado, para que sua produtividade possa ser restabelecida plenamente. Por isso, o compromisso tem que ser sempre no horizonte de médio e longo prazo. Precisamos aprender a lição: não dá para mudar o foco o tempo todo, as mudanças demandam um tempo de adaptação”, declarou o palestrante.
Por fim, Denis Arroyo elogiou a organização do evento por escutar a voz do produtor rural nas discussões em torno do etanol: "um seminário como esse nos dá orgulho porque dá voz ao produtor. O seminário que trata do avanço da produtividade do etanol se lembrou de falar do processo produtivo no campo, lá na ponta, na origem, e esse é um elo fundamental que precisa ser lembrado sempre".