Waldyr Gallo, da UNICAMP, falou sobre etanol versus eletrificação
O Professor Dr. Waldyr L. R. Gallo, do Departamento de Energia (FEM) da UNICAMP, iniciou sua apresentação mostrando um gráfico de distribuição do consumo de energia em transportes no Brasil. Os biocombustíveis respondem por mais de 20% da matriz. “Ou seja, estamos muito à frente de outros países no mundo”, declarou.
Para ele, “o etanol é uma tecnologia que custa muito pouco, com grande potencial de redução de emissões, e temos uma frota de veículos flex pronta para uso com etanol, mas que utiliza basicamente gasolina”.
Dentro desse contexto, Gallo mostrou gráfico que evidencia um gap entre oferta de gasolina e consumo crescente projetado desse combustível, deixando claro que o gap precisará ser coberto de alguma maneira, seja pela importação de gasolina, seja pelo desafio de ampliar a oferta do etanol.
O Professor apresentou gráficos que mostram que os preços e a disponibilidade do etanol induzem os consumidores a utilizar gasolina: apenas seis estados brasileiros – justamente aqueles que produzem, ou próximos dos centros de produção – conseguem disponibilizar o combustível na bomba a um preço médio inferior a 70% do preço da gasolina.
Waldyr Gallo discutiu também questões estratégicas do mercado internacional. Em sua visão, o veículo elétrico, para o europeu, integra um movimento estratégico voltado à segurança energética: a Europa não quer ficar refém de países produtores, como ocorre com o petróleo. Ou seja, o movimento no sentido da adoção do veículo elétrico não parece ser puramente voltado à questão ambiental. O mesmo caminho da segurança energética parece ser trilhado pela China e pelo Japão, que não têm petróleo. Em relação aos Estados Unidos, não há um caminho estratégico claro no longo prazo. Todo esse panorama internacional começa a ameaçar a prevalência dos biocombustíveis no Brasil.
O que têm feito os países no sentido de buscar uma matriz energética mais limpa para sua frota de veículos? O Professor mostrou que incentivos positivos e negativos vêm sendo aplicados como parte dessas estratégias.
Os incentivos positivos incluem:
- Bônus em dinheiro a consumidores (EUA, China, UK).
- Redução de impostos e taxas na aquisição.
- Redução de impostos e taxas de propriedade (anual).
- Bônus ao sucateamento de veículos antigos para substituição por veículos com menor emissão de CO2.
Entre os eventos de incentivos negativos:
- Aumento de impostos e taxas sobre combustíveis fósseis.
- Sistemas de prêmio ou castigo.
- Aumento de impostos na aquisição de veículos com altas emissões de CO2