José Guilherme Baêta, da UFMG, e as pesquisas em torno do uso eficiente do etanol na UFMG
O Professor Dr. José Guilherme Baêta, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), traçou um panorama das pesquisas acadêmicas realizadas no âmbito da instituição em torno do uso eficiente do etanol nos motores. Ele explicou que “na universidade, nós temos um pouco mais de autonomia para pesquisar do que nas empresas. De maneira geral, os brasileiros estão carentes de pesquisa e tecnologia, e nós precisamos promover o conhecimento com base na matriz energética do país”.
Passou então a apresentar as diversas soluções que estão em desenvolvimento na universidade – ao todo, são 11 –, fazendo a ressalva de que há vários aspectos que ainda precisam ser aprimorados e melhorados. Valorizou também a participação dos demais pesquisadores e alunos envolvidos nas pesquisas com etanol em laboratório dentro do ambiente acadêmico, bem como as instalações e recursos de tecnologia disponibilizados pela Universidade, mesmo que limitados em função do orçamento limitado para investimentos.
Baêta apresentou a infraestrutura de laboratórios do Centro de Tecnologia da Mobilidade da UFMG:
- Laboratório de P&D de motores
- Laboratório de P&D de veículos
- Laboratório de turbocompressor
- Laboratório CFD
- Laboratório de análise de combustão em motores
Em seguida, apresentou gráfico que mostra a evolução do etanol a partir do milho, o E85, nos Estados Unidos. “A gente entende que esse não é um processo tão eficiente como o nosso, que envolve o uso da cana-de-açúcar. Nós não temos feito nosso dever de casa corretamente: a cana é muito mais eficiente do que o milho, e precisamos desenvolver mais as pesquisas nesse segmento”. Para corroborar a afirmação, apresentou os dados comparativos entre as duas matérias-primas: enquanto o etanol produzido a partir do milho (E85) necessita de 1MJ para produzir 1,7 MJ, o E94 e E22 (produzidos a partir da cana-de-açúcar) chegam a produzir 8 MJ.
Explicou também que, em comparação à gasolina, o etanol chega a emitir cinco vezes menos CO2 por quilômetro do que a gasolina. “A nossa referência é o meio ambiente, temos que analisar o ciclo completo, e o ciclo do etanol é muito mais limpo do que o dos combustíveis fósseis”, explicou Baêta.
Um dos desafios, que está associado à estabilidade dos preços em função do período de colheita da cana-de-açúcar, poderia ser equilibrado, segundo o professor, pela promoção do sorgo sacarino, que conta com alto teor de açúcar no caldo.
A seguir, passou ao detalhamento técnico de dois projetos de maior destaque em que se busca desenvolver motores mais eficientes na queima do etanol:
- Twin-Stage Turbocharger Downsized and Downspeeding Ethanol DISI Engine Project
- Full Spark Authority in Highly Boosted Ethanol DISI Engine Project
O professor declarou que “o nosso foco está na pesquisa; nós estamos concentrados no entendimento das potencialidades do produto, e também de seus limites”, sinalizando ainda que a universidade permanece sempre aberta a parcerias com o setor privado para a busca de soluções de interesse comum: “sabemos que o potencial é muito grande”.
Como conclusão, o Prof. Baêta declarou que “há muito espaço para aprimorar motores focados no ‘nosso mundo’, ou seja, a nossa matriz energética. O biocombustível nos dá uma nova perspectiva, e nós precisamos trabalhar nisso usando motores mais compactos. Neles, o consumo de etanol deve se igualar (em termos volumétricos) ao consumo da gasolina brasileira (E27) e a injeção direta guiada pode aumentar ainda mais a eficiência com etanol. Na verdade, é possível alcançar a mesma eficiência dos motores de ciclo diesel. Usando um sistema híbrido é possível aumentar substancialmente a eficiência global do veículo”.