Criando as bases para uma terceira revolução do etanol
O professor Luiz Augusto Horta Nogueira, da Universidade Federal de Itajubá (MG) e Unicamp (SP), apresentou a palestra Criando as bases para uma terceira revolução do etanol.
Horta começou com uma análise histórica da utilização do etanol:
- Bem no começo, nos anos 30, o país utilizou álcool como aditivo.
- Com a crise do Petróleo, nos anos 70, houve um reforço do etanol como aditivo e como combustível puro (caso do Brasil).
- Com o a questão ambiental em maior evidência, o veículo flex passou a ser promovido. De acordo com o professor, “para salvar o programa do álcool, introduzimos o flex e perdemos desempenho. Se o motor a gasolina melhorou com o flex, o motor a etanol aparentemente piorou”.
O professor a seguir elencou uma série de oportunidades em que o etanol foi utilizado mundo afora ao longo da História. “Há iniciativas registradas em todos os continentes e a gente não tem noção de quanto já se pesquisou e se tentou desenvolver essa tecnologia mundo afora”, disse Horta, fazendo referência ao trabalho de pesquisa de William Kovarik que contém amplo levantamento sobre o histórico de desenvolvimento do combustível em cada país. É possível acessar esse estudo em http://www.environmentalhistory.org/billkovarik/about-bk/research/cabi/ethanols-first-century/
Outra referência histórica citada por Horta foi o uso do etanol de batata nos mísseis balísticos V-2, utilizadas pela Alemanha para bombardear Londres e a Antuérpia durante a II Guerra Mundial. Pouco mais tarde, a mesma tecnologia deu início ao programa espacial norte-americano pela aplicação do conhecimento do engenheiro Von Braun em prol do programa.
“Mesmo com toda a sua vantagem e potencial, não fomos capazes de dar ao etanol a força que ele merece”, afirmou Horta. O professor citou os veículos Renault Sandero – com baixa produtividade, alcançando taxa de apenas 68% nacomparação etanol/gasolina – e Nissan Kicks, lançado recentemente, que alcança 72%. Ou seja, há no mercado atual diferentes calibragens de motor, e tudo leva a crer que uma calibragem que libere todo o potencial e eficiência do etanol é possível.
O professor citou também uma série de pesquisas em torno da produtividade do etanol, combinando-o com outras tecnologias na busca de eficiência máxima, e mostrou que o uso do combustível está em processo de expansão no mundo. Horta citou levantamento que ele mesmo fez sobre os programas oficiais ativos em torno da utilização do etanol em diversos países e apurou que, atualmente, mais de 60 países mantêm algum tipo de programa nesse sentido.
Em resumo: o professor lembrou que o etanol tem uma história muito rica e pouco conhecida. Citou a paridade 70, que perde cada vez mais o sentido na medida em que novas pesquisas lançam luz sobre a eficiência do etanol. Para ele, é possível avançar também no sentido de melhorar o desempenho dos motores flexfuel.
Horta terminou sua palestra mandando uma mensagem otimista para os entusiastas dos biocombustíveis: segundo ele, há um contexto extremamente desafiador em termos globais em que a clássica indústria de energia acumula perdas em valor de mercado de aproximadamente 1 trilhão de dólares em um curto espaço de tempo. Um novo equilíbrio de forças parece se avizinhar, e nele o etanol tem espaço. Para isso, o Governo precisa garantir políticas públicas claras e estáveis, essenciais para a racionalidade energética.