Marcos Clemente, da Mahle, e a Rota 2030
Durante sua apresentação no IV Seminário Sobre Uso Eficiente do Etanol, o Gerente de Serviços Científicos da Mahle, Marcos Clemente, destacou a Rota 2030, uma política de longo prazo em discussão no governo brasileiro que estabelece as diretrizes e metas para a redução das emissões veiculares nos próximos anos, prevendo três ciclos de implementação: 2022, 2027 e 2032. A ideia é fomentar o desenvolvimento tecnológico para que o Brasil se torne mais competitivo no segmento em nível internacional, além de estabelecer um marco claro que fomente pesquisas no segmento em busca de uma matriz energética mais limpa e sustentável. Segundo Clemente, com a Rota 2030, existe uma preocupação clara no sentido de fortalecer a cadeia produtiva. Para ele, "o setor está ansioso pela nova legislação para que possa iniciar seus planos de investimento".
A Rota 2030 prevê seis grupos temáticos, a saber:
- cadeia de autopeças;
- pesquisa e desenvolvimento em engenharia e conectividade;
- eficiência energética, emissões, biocombustíveis e novas tecnologias de propulsão;
- segurança veicular, inspeção técnica e renovação da frota;
- produção em baixos volumes, produção local de sistemas automotivos e de eletrônica embarcada;
- estrutura de custos para integração de competitiva às Cadeias Globais de Valor.
Marcos se concentrou nas iniciativas em torno do Grupo 3 do Rota 2030, justamente aquele voltado à promoção da eficiência energética dos veículos e combustíveis. Elogiou o InovarAuto como uma 'herança bendita' e mostrou os resultados obtidos pelo programa anterior em termos de eficientização dos modelos de veículos atualmente em circulação no país. Para Marcos Clemente, “o InovarAuto funcionou na busca da promoção da eficiência energética”.
O executivo sintetizou a proposta do Sindipeças para o Governo no sentido de estabelecer as metas de eficiência para a Rota 2030. A ideia é valorizar os veículos que utilizem biocombustíveis, ou os carros flex. A proposta envolve uma espécie de bônus de redução de 0,04 MJ/Km, com o objetivo de estimular as montadoras a redobrarem esforços com o objetivo de tornarem seus veículos mais eficientes. Reforçou ainda que esse é um cálculo tecnicamente embasado: "a ideia é tornar o veículo flex mais eficiente no consumo do etanol, valorizando o veículo que estiver acima da relação de 70%. Essa é uma forma de incentivar o desenvolvimento da tecnologia, fomentando a produção de veículos mais eficientes. O cálculo proposto na legislação foi feito de tal maneira que a eficiência no consumo de um combustível não seja alcançada em detrimento do outro, sob pena de anular os benefícios."
Marcos indicou que há uma série de programas em discussão dentro do governo, abordando rapidamente cada um deles. Enquanto o Rota 2030 foca no aumento da eficiência energética do tanque à roda e a competitividade, o PROCONVE busca a redução das emissões de poluentes e o RenovaBio busca garantir a competitividade dos biocombustíveis e a sua evolução.
Ao final da apresentação, o gerente da Mahle sintetizou as ações para valorização do etanol que estão presentes nos grandes programas em discussão pelo governo brasileiro:
- A eficiência energética deve ser auferida com metodologia 'do poço à roda`, com destaque para a segurança do abastecimento, buscando garantir a disponibilidade e, consequentemente, a competitividade do combustível em âmbito internacional.
- Combustível global, tendo o índice de carbono como alavancador dos biocombustíveis.
- Novo veículo Flex com penetração mundial – a ideia é que os novos veículos alcancem novos níveis de eficiência com etanol e gasolina, favorecendo a abertura de mercados para o carro brasileiro.
- Rápida e efetiva contribuição para redução dos gases do efeito estufa.