III Seminário Internacional Sobre Uso Eficiente do Etanol: provocações
"Em um futuro previsível, o etanol é a única fonte alternativa ecológica e prática, capaz de competir economicamente com a gasolina e com o diesel e que não exige vultosos investimentos, seja na infraestrutura seja nos veículos"
O PrEE- Programa Etanol Eficiente parte da constatação de que, usado em motores adequados, o etanol proporciona desempenho superior ao da gasolina e, em motores especiais, pode mesmo competir com o diesel.
O uso automotivo do etanol, no entanto, por variadas razões é inferior ao seu efetivo potencial. Junto ao público, em geral, é sempre destacada a ideia que do ponto de vista energético, o etanol equivale a 70% da gasolina devido à relação entre seus poderes caloríferos.
Essa regra, com aparência científica, é conceitualmente errada por não considerar a eficiência do motor de combustão interna com cada combustível. Não obstante, ela é aplicada pelos proprietários de flex, assim como está implícita na legislação brasileira e em programas de incentivo ao aumento da eficiência veicular.
O evento analisará as razões para o uso inadequado do etanol no Brasil. Discutirá formas para superar as distorções e preconceitos que reduzem a atratividade do etanol, com prejuízo para os agentes da cadeia energética da cana de açúcar, segunda principal fonte de energia do Brasil. Discutirá, também, o uso em outros países onde o interesse pelo tema cresce com a busca de formas para descarbonizar os transportes.
Ao longo de quarenta anos, o país não teve uma política adequada para o etanol, oscilando entre a euforia e o desprestígio. Não obstante, o país não pode prescindir do etanol que tem, no uso automotivo, o mais elevado nível de sustentabilidade, além de constituir indispensável complemento da oferta de gasolina, que poderá apresentar oferta insuficiente na próxima década. Naturalmente, quanto mais eficientes, melhores são as perspectivas para seu uso. Assim, uma política energética consistente e uma regulamentação criativa podem ter um papel decisivo no momento atual.
Em apoio às discussões previstas no evento, os organizadores prepararam um conjunto de questões relacionadas a temas específicos, responsáveis por barreiras ao uso eficiente do etanol.
Mercado
- Existe mercado para produzir carros exclusivamente a etanol com elevado desempenho?
- Que dificuldades/vantagens deveriam ser consideradas para a volta dos carros a etanol?
- Motor a etanol com elevado torque poderia ser uma alternativa efetiva para uso nos veículos leves a diesel?
- Como enfatizar e valorizar para o mercado as qualidades dos motores a etanol, já amplamente comprovadas em avaliações e estudos específicos?
Tecnologia / P&D
- Existe hoje tecnologia competitiva para produzir carros flex que permitam o uso do etanol com alta eficiência?
- Como estimular em centros de tecnologia e universidades a pesquisa e o desenvolvimento de motores para uso eficiente de etanol
- Como incentivar empresas sistemistas a desenvolverem motores para uso eficiente de etanol?
Informação
- Como tratar corretamente a questão da paridade entre o etanol e a gasolina? Como superar a questão do chamado “Paradigma 70”?
- Como esclarecer agências de governos, Setor Canavieiro, Promotores do meio ambiente, indústria automotiva (montadoras e/ou sistemistas)?
- Como divulgar ao público em geral as boas propriedades do etanol e que a paridade real já é e tende a ser bem maior que os 70%?
- Como estimular a indústria montadora, em respeito aos seus consumidores, a promover em seus manuais a conveniência de que cada usuário avalie a paridade real de seu uso do flex, a partir de indicadores gerais?
Meio ambiente
- Como incorporar às propriedades energéticas e características econômicas do etanol da cana a sustentabilidade de sua produção e as vantagens ambientais de sua utilização.
- Que contribuição o uso eficiente do etanol pode dar aos compromissos de descarbonizar a economia brasileira?
Ações de Governo
- Quais os requisitos de uma política energética consistente e de uma regulamentação adequada de governo para retomar a presença competitiva do etanol na matriz energética do país?
- Como regulamentar a produção de carros flex exigindo que a relação de desempenho com cada um dos dois combustíveis se mantenha acima de determinado nível, por exemplo, superior a 70%? Poderia ser 75%, pelo menos?
- A política de adição do etanol à gasolina acima da quantidade necessária para agir como antidetonante é justificável? Seria mais apropriado usar o etanol em motores otimizados?
- Como tornar efetivo o poder de compra governamental para incentivar o uso de etanol de forma eficiente e em apoio aos seus compromissos no plano ambiental?
Ações do Setor de Cana
- Como enfatizar as boas propriedades do etanol na propaganda institucional do setor?
- Por que não se efetivam no setor sucro-alcooleiro, mesmo com indicações de resultados positivos, testes de novas alternativas de uso do etanol no Brasil?
Repercussão internacional
- Pode o país se beneficiar da sua vocação e de sua experiência pioneira na produção e utilização do etanol em esforços de fortalecimento da sua política externa e comercial, especialmente em países da América Central e África?
- Países onde não existe um padrão, E100 ou E100h podem interessar se houver carros a etanol de elevada eficiência?
- Como estimular a expansão do uso do etanol da cana em outros países e como promover sua utilização otimizada em países com vocação para sua produção? Governo, indústria de equipamentos, montadoras?
- O etanol, usado eficientemente, pode ser um substituto do diesel em alguns nichos face ao grande esforço de descarbonização da economia mundial?